Em seu terceiro ano à frente da Tradição, a presidente Raphaela
Nascimento conquistou um vice-campeonato, em 2016, e o terceiro lugar, em 2017,
duas boas colocações para a nova guerreira do mundo do samba. Neta do saudoso
presidente de honra da Portela, Natal, e nascida praticamente no berço do
samba, ela vivenciou o espetáculo sempre como componente e auxiliar do pai,
Nélio Nascimento, ex-presidente. Porém, admitiu que ser presidente de uma
agremiação não é uma tarefa fácil, mas muito complexa, onde é preciso
administrar o amor pelo pavilhão e a execução do trabalho para que a escola
apresente seu Carnaval na Avenida.
Feliz pelos resultados conquistados, Raphaela disse que o seu objetivo
maior é ganhar o Carnaval e levar a sua querida Tradição de volta à Marquês de
Sapucaí. Para isso, ela garante: “Vou apostar num desfile memorável do enredo
‘Sabá – soberana da Etiópia, sedutora de Jerusalém’ tanto para a escola quanto
para o público da Intendente Magalhães”, salientou.
“Neste segundo ano de minha administração à frente da Tradição,
conquistei diversos amigos e também a comunidade da minha escola. Meu motivo de
orgulho é ver que a escola está recuperando cada vez mais seu amantes e pessoas
que gostam dela, como a comunidade. Quem esteve na Intendente viu que depois
que a escola passou, as arquibancadas ficaram mais vazias. Acho que todos
queriam ver o enredo o ‘Largo dos Cisnes’. Foi um orgulho grande ver que
conseguimos colocar nosso projeto na Intendente Magalhães, já que nunca ninguém
tinha apresentado um enredo erudito na Passarela do Povão. No balanço geral, o
resultado foi muito positivo, já que saímos aclamados como campeões do
Carnaval. Isso não tem preço. O nosso reconhecimento é a satisfação dos nossos
torcedores, componentes, segmentos e comunidade. Sem eles não conseguiríamos
colocar a escola na Avenida. Gostaríamos de ter conquistado o título, porém se
o objetivo não foi alcançado, vamos trabalhar, corrigir os erros e nos
prepararmos para o próximo Carnaval. Vamos incomodar muito em 2018 por conta do
nosso enredo”, disse muito emocionada.
A escola apresentou seu enredo no desfile de 2017 com 650 componentes,
distribuídos por 16 alas. Na opinião da presidente da Tradição, os pontos de
destaque do desfile e que fizeram a diferença foram as alas de bailarinas,
principalmente a que reuniu várias crianças.
“Acho que os destaques foram as alas de bailarinas. Todo mundo achou que
a escola viria de preto e branco e toda mórbida. No entanto, não foi isso que a
Tradição apresentou. A surpresa surgiu na comissão de frente, já que entramos
na Avenida com homens representando feiticeiros. Além disso, as bailarinas
brancas, todas crianças, foram peças importantes do desfile; o mestre de
bateria vindo no tripé como Tchaikovsky, regendo a bateria de costas para o
público; a ala das baianas, que representou as rainhas más, onde colocamos
luzes piscando; e o carro alegórico. Apresentamos os quatro atos de um dos
maiores clássicos do balé: “O Lago dos Cisnes”, do compositor russo”,
acrescentou.
Raphaela explicou que para colocar o Carnaval na Avenida em época de
crise e não acumular dívidas foi necessário começar a trabalhar com
antecedência, além de contar com mão de obra especializada, ajuda de parceiros
e de algumas coirmãs.
“Quer saber como é fazer Carnaval com pouco recursos? Bom, primeiro
começamos o Carnaval muito cedo, em junho, e desenvolvemos o projeto. Já em
dezembro, estávamos com as alas todas prontas só ficando o carro para ser
finalizado. A falta de recursos foi até de certa forma satisfatória, porque
algumas pessoas desempregadas se prontificaram a trabalhar para melhorar a
renda e conseguimos mão de obra mais barata. Paguei de junho a dezembro as
pessoas e consegui preços mais em conta nos tecidos. Também contei com a carta
de crédito que é uma coisa muito boa. Sou agradecida também às escolas São
Clemente, Beija-Flor e Portela, todas me ajudaram bastante. Enfim, foi um
trabalho grandioso cujo resultado foi apresentado no dia do desfile. Todos que
trabalharam comigo estão de parabéns”, ressaltou.
A dirigente disse ainda que já iniciou os trabalhos rumo ao próximo
Carnaval. “Vamos apresentar uma história forte. A Tradição contará a história
da rainha africana Sabá e o amor dela por Salomão… sua caminhada até Jerusalém.
Será uma mistura de força, garra e emoção. Quando sentei para conversar com o
carnavalesco Leandro Valente, pedi que o próximo enredo fosse forte e aguerrido
para que a escola entrasse com o pé direito na Avenida em 2018. A nossa rainha
Sabá, africana e negra, representará muito bem a força da mulher, que
atualmente tem conquistado seu espaço no mesmo patamar dos homens. A Tradição
foi feliz em escolher esse enredo e acredito que faremos outro belo desfile.
Será com certeza mais um outro grande espetáculo, estou muito feliz em desenvolver
esse projeto”, ressaltou.
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